domingo, 28 de setembro de 2008

ACUPUNTURA: ARTE/TERAPIA DE TRANSFORMAÇÃO


A Acupuntura é uma arte/terapia de raízes Taoistas e, como tal, pressupõe que todas as coisas no Universo estão interconectadas e seguem um fluxo permanente de mudanças. Estas mudanças obedecem a determinadas leis, que são válidas para manifestações mais sutis tanto quanto para as mais densas na Criação. O Taoismo, bem como a Medicina Chinesa, estabelece paralelos entre estas densidades, pois entende que existe uma correspondência entre elas que se dá por similaridades energéticas, e prioriza o mais sutil, o invisível, o imensurável, o impalpável, pois entende que este, por ter um fluxo mais dinâmico e ininterrupto, interpenetra e plasma as estruturas densas. As estruturas densas por sua vez, visíveis, mensuráveis, palpáveis, seriam o resultado dependente da complexa trama de fluxos sutis que se organiza de modo a cumprir funções específicas. Em nossa cultura prioriza-se tudo o que é visível, mensurável e palpável, haja vista nossa ciência cujo conceito de veracidade e verdade se apóia neste paradigma e não é por menos que nossa medicina hipocrática trata tão somente sinais, sintomas e manifestações evidentes. Há milênios os taoistas, munidos apenas de sua sensitividade, mapearam complexa e sofisticada rede de canais que interconecta nosso organismo com todas as manifestações da Criação, das mais sutis as mais densas, mostrando que este organismo é permeável a estas manifestações, estabelecendo permutas que contribuem com seu bom funcionamento e outras que desencadeiam em disfunções e desequilíbrios. Significa que nosso corpo, supostamente denso, na verdade constitui-se de uma trama mais agregada ou apertada, mas mesmo assim absolutamente plástica e em contínua transformação. Todas as conexões e interações que nosso organismo estabelece, influem em sua dinâmica de funcionamento e transformação, tornando-o mais abrangente, eficaz e fluido, ou cristalizado, restrito, limitado e bloqueado. As instâncias mais sutis (idéias, emoções, impressões, intuições, sentimentos, crenças, etc.) e as mais densas (órgãos, vísceras, músculos, ossos, tecidos em geral de nosso corpo) em nosso organismo devem funcionar em uníssono para que se experimente uma sensação de conforto que decorre de uma inteireza e integridade de interesses e funções. As trocas permanentes com o meio externo que se dão através do ar, da alimentação, dos sentidos, das relações, das percepções, idéias, sensações e criações, são também o instrumento para a verificação do grau de conforto e satisfação que experimentamos a cada momento, onde encontramos oportunidades renovadas e renovadoras de estabelecer a harmonia entre todos os níveis. O único modo que dispomos para verificação do estado em que nos encontramos é a observação interna. É ela que nos permite entrar em contato com nossas sensações, emoções e crenças, antes que as mesmas nos tomem de assalto. Como em nossa cultura geralmente não possuímos treinamento adequado na prática da auto-observação, decorre que normalmente só nos damos conta de alguma irregularidade ou desconforto quando o mesmo já se evidencia como algo manifesto no plano físico. Não estamos acostumados a dar importância às sensações subjetivas que não podem ser avaliadas ou diagnosticadas de forma sistemática por profissionais da área médica e especialistas. Na prática Taoista da Medicina Chinesa entendemos que tais manifestações são os sinais evidentes de que a harmonia entre os diversos sistemas, com seus variados níveis de atuação, foi, por algum motivo, quebrada e apenas nossa observação atenta pode nos levar a identificar as sensações, sentimentos e impressões envolvidas, possibilitando um diagnóstico profundo que engloba o Ser em sua totalidade física-emocional-espiritual. Muito antes dos sintomas físicos se evidenciarem já experimentávamos algum tipo de insatisfação ou inadequação, algo que não nos soa como verdadeiro ou espontâneo em nós, mas consideramos sem importância, indignas de nossa atenção ou simplesmente achamos mais conveniente e oportuno calar esta voz de nossa expressão verdadeira. No decurso de nossas vidas acabamos nos distanciando sobremaneira de nós mesmos e tornamo-nos inaptos a reconhecer e dar passagem ao espontâneo e ao simples. Aquilo que realmente somos a cada momento, encontra-se de tal forma abafado, mascarado, tamponado, escondido e adulterado, que torna-se difícil identificar o que de fato precisamos manifestar para que se cumpra nosso verdadeiro propósito de vida. Quando, finalmente, nosso nível de auto-observação nos impele à busca do caminho que nos cabe e estamos aptos a trilhá-lo com simplicidade e leveza, a Acupuntura e sua complexa trama de sistemas, canais e pontos, todos atuando e interagindo em níveis de densidades variadas, é um instrumento eficaz de reconexão com a Fonte que jorra em permanente abundância, trazendo satisfação no cumprimento de nosso Propósito. Para tanto o profissional escolhido não deve estar restrito ao conhecimento das atuações meramente físicas da Acupuntura, mas apetrechado a usar seleções de pontos adequadas a lidar com níveis dos mais sutis aos mais densos, de acordo com a necessidade existencial da pessoa que a ele recorre.

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